Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Rodeio das Gordas

Boa tarde caros colegas! Perdoem-me o transtorno, mas é necessário fazer uma denúncia, um protesto. Sou aluna da Universidade Estadual Paulista, Campus Assis, e é com imensa indignação que venho manifestar minha vergonha e meu ódio por ser obrigada a partilhar dos mesmos espaços que certos alunos. Todos os anos, nossa Universidade organiza um grande evento que teria por finalidade integrar os estudantes dos diversos campos com atividades esportivas e festas. No entanto, no último InterUnesp,(se não me engano, realizado nos dias 10, 11, 12 e 13 de outubro) na cidade de Araraquara, pessoas que possuem um estereótipo físico disseminado como incorreto em nossa sociedade saíram de lá estigmatizadas e humilhadas.

Trazido dos rodeios convencionais para a festa universitária por alunos do curso de Engenharia Biotecnológica da UNESP de Assis, o “Rodeio das Gordas” foi a forma de diversão encontrada por esses e outros alunos de outros cursos durante as festas de 2010. Os praticantes, autodenominados “peões” abordavam garotas gordas e as agarravam ou mesmo montavam em cima destas enquanto seus nobres amigos de rodeio o observavam para um posterior julgamento. Acumulava maior número de pontos aquele que conseguisse segurar a garota (enquanto esta se debatia) por mais tempo. O vencedor, ao final das festas ganharia um quite com bata e caneca oficial do “Rodeio das Gordas”.

Uma comunidade no orkut foi criada para disseminar a ideia e para que os supostos “peões” pudessem trocar experiências e técnicas desenvolvida com as “bandidas”, termo utilizado por Daniel, mais conhecido como “Cogu”, membro da comunidade para referir-se às garotas as quais agarrava violentamente. Além de agarrar, nossos caros colegas, de antemão justificavam à garota o motivo pelo qual esta teria sido escolhida : “Escolhi você por ser a garota mais gorda que já encontrei”.

Apesar de a iniciativa ter surgido de alunos de Engenharia Biotecnológica, por enquanto sabe-se com certeza que alunos dos cursos de Psicologia e Ciências Biológicas também participaram dos atos. Agora pergunto-me e pergunto-lhes: Que espécie de psicólogo será este que inescrupulosamente comete brutalidades físicas e PSICOLÓGICAS contra outros seres humanos? Que tipo de professor será este indivíduo estudante de biologia, capaz de acabar com a vida de um aluno após um ato de bullying em sala de aula?

Como uma amiga disse, assim como o Holocausto, o Rodeio das Gordas deve ser lembrado e discutido constantemente. Para que nenhuma outra pessoa sofra tal humilhação, manifestações e intervenções devem ser feitas frequentemente no intuito de conscientizar as pessoas sobre tais práticas, as quais precisam ser sempre relembradas com asco e para que cada praticante ou conivente com os atos brutais envergonhe-se todos os dias ao pisar no solo sagrado da diversidade, respeito e liberdade que é a Universidade, em especial, a Universidade Estadual Paulista - Campus Assis.

Mayara da Silva Curcio, graduanda em Psicologia pela UNESP – Assis.

6 comentários:

Priscilla Carvalho disse...

O que a profunda falta de ética é capaz de trazer para o mundo, meu Deus! Em qualquer lugar minimamente sério atos como este seriam energicamente coibidos. Seus protagonistas, educados, já que ignoram por completo a alteridade. Mas onde há este lugar minimamente sério? Por que nos odiamos tanto? Punir o que é fora do padrão é válvula de escape para nossos próprios medos de não nos conformarmos a este padrão? Ser violento reafirma e legitima que tipo de existência?

Edu Campos disse...

Eu topo formar um grupo pra participar do próximo. Numa outra modalidade: abate de peões.
Mas é pra bater de verdade, pra mandar pro hospital e fazer as mães chorarem por mais tempo do que gastaram gestando essas bostas.

Mila disse...

Sou ex-aluna da Unesp Assis e estou indignada com o que aconteceu.
Queria autorização para divulgar seu post em outros lugares. Isso precisa chegar ao conhecimento de mais gente, exatamente como você fez, dando nomes e mostrando em que implicará uma coisa dessas no futuro, que tipo de "profissionais" serão esses que ensinarão meus filhos e atuarão em áreas de tanta importância para o desenvolvimento de pesquisas.
Só espero uma coisa: que sejam punidos e tenham seus rostos estampados em todos os lugares para que aprendam que um corpo não deve ser motivo de vergonha, mas sim atos absurdos como os que eles cometeram.

Leo Lama disse...

Vá em frente, Mila. Obrigado.

Érika Ó disse...

aqui vão alguns sites:

http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2010/10/27/confira-imagens-da-comunidade-do-orkut-que-promovia-o-rodeio-de-gordas/

http://sededeque.com.br/2010/10/repudio-ao-rodeio-de-gordas/

Hoje participaremos de uma reunião, na Congregação, para saber o rumo que a UNESP dará ao caso.

Abraço.

Érika

Fátima Frank disse...

Fim de mundo. Final dos tempos. O chifrudo tá a solta no mundo desses peões insanos, no cérebro de gelatina desses universitários que sentem-se deuses punidores do que não é padrão. Eu não sou psicóloga, mas prá mim esses caras tem no mínimo um complexo de inferioridade gigantesco ou um tesão doentio e não assumido por mulheres gordas, mas como provavelmente mulher nenhuma lhes de bola... eles perdem o respeito, e tentam de alguma forma chamar atenção. Lógico que tem que ser de alguma maneira estúpida, porque certamente bons profissionais é o que serão incapazes de ser. Bons homens? Bons maridos? Esses peões são doentes... precisam de um manicômio urgente, ou um tratamento de choque, porque só análise... difícil...... rs.