Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Olhares e Visões

O Espectador Essencial é aquele que tem a generosidade de revelar seu olhar e nos tirar do escuro solitário de nossa própria sensação. Arte se faz em eucaristia: exercício e contemplação.

Os Olhares:

Nova experiência. Vi o espetáculo "O primeiro dia depois de tudo" semana passada. Foi uma experiência nova para mim que, até pouco tempo atrás, chamava espetáculo de "Show". Não conhecia o autor, diretor, atores e nem o teatro. Para mim o texto trabalhou bem os sentidos da audição e da visão, mas também um outro sentido que se mostrava dentro de cada um nos silêncios. Dentro de mim lembrei, repensei, lamentei, sorri, me expandi, estagnei, respirei, perdoei,voei. Embora seja a frase que me lembro, "Mais rituais, menos rotina", não foi a frase que mais mexeu comigo. Houve outras que não lembro, mas que sei que foram mais importantes pelas emoções que causaram naquele momento. Em algum lugar dentro de mim, jamais serão esquecidas porque me trouxeram algo. A luz penetra na escuridão, mas o oposto não ocorre. Tudo vai ficar bem, foi a mensagem para mim. Drama? Não! Vida real, e nela tem de tudo. Meu namorado, sonolento da lida, não discutiu a peça comigo. Preferia uma comédia. Não conseguia ver que tinha isso também na sua frente. Ainda penso e tento entender o objetivo da arte que vem ao mundo através de alguns que conseguem ver mais além e tem a bondade de dividir. Estamos todos aprendendo o tempo todo. Obrigada pelo tempo (temos tempo?) e pela nova experiência. Grata.

Regiane Mendes, espectadora essencial.

A doçura e as facas de sashimi. Fui, vi, adorei. Pensei tantas coisas sobre o que vi. Nenhuma delas de forma ordenada. Todas, em profundo silêncio, no caminho de casa, que descobri ser lugar nenhum. Quantas interrogações me subiram à cabeça. Fervo. Neurose e doçura são duas medidas do que todos nós somos e o autor captou isso de forma cáustica e doce, frágil, em certa medida. O texto elétrico só podia estar combinado com o repouso do ator, ou imobilidade, como queira - só entendi toda a discussão do antiblog depois que vi o espetáculo. Priscila-Beatriz me arrebatou. Tenho medo de dizer: "Lindo, o espetáculo!", mas já está escrito.

Andrea Scola, professora, historiadora, espectadora essencial.

Asas. Eu fiquei muito emocionada com a peça: O Primeiro Dia Depois de Tudo. O que tenho a dizer é que carreguei aqueles pares de asas comigo. Ao Leo Lama, parabéns por seu olhar sensível como diretor. É tudo tão profundo que você se sente um pouco Beatriz e Roberto. E aquela música: “As coisas deveriam morrer...”, ficou na minha mente.

Sílvia Diaz, atriz do núcleo experimental dos Satyros, espectadora essencial.

Leque. Estive novamente na Sala Vitrine para ver o espetáculo "O Primeiro Dia Depois de Tudo" no qual somos intimados a fazer parte da experiência apresentada. A peça nos abre um leque de possibilidades na hora da reflexão. Beatriz e Roberto são levados a retornarem ao plano da experiência em que fracassaram para um trabalho de reajustamento. Após a resignação e com a intercessão dos amigos, ou seja, dos anjos, alcançam a paz. Senti a platéia bastante contraída, poucos risos, alguém se emocionou muito. A peça é muito boa, o trabalho é muito bom: os atores, a equipe. Parabéns a todos!

Lenice Brito, professora, espectadora essencial.

Suco de Vísceras. Confesso que no começo do espetáculo fiquei sem entender o que estava acontecendo. Mas, quando a luz acendeu fixei meu olhar nos personagens. Teve um momento bem forte (quando a Beatriz falou de fazer um suco com suas vísceras), dei um pequeno sorriso, senti o olhar dela, tive vontade de dar uma gargalhada. A peça tem uma sintonia muito forte com a platéia. Gostei muito.

Talita Brito, estudante, espectadora essencial.

Foto de Heloísa Bortz.

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