Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mais Rituais, menos Rotina

Foto de Heloísa Bortz.

Não sei nem por onde começar. Assistir à montagem gerou um bate papo de mais de duas horas entre eu e meu grande amigo Sandro, não parávamos de falar sobre as variadas percepções que O Primeiro Dia Depois de Tudo provoca. A começar pela trilha sonora do início da peça. O fato de trabalhar apenas um dos cinco sentidos, a luz apagada e aquela viagem de músicas interligadas, impressiona e causa impacto. Parabéns a Leo Lama e a Paulo Prestes Franco que fizeram tão boa seleção.

No debate, após o espetáculo, todos falavam e falavam e eu tinha vontade de falar em cima, mas contive meu ímpeto de comunicadora. Preferi me calar. Alguns falavam da tal “obscuridade da peça”, não perceberam que o escuro é simplesmente visual. Onde estava a percepção do povo em relação ao que provoca o texto ácido (característica mais que marcante desse tal de Mr. Lama) e imagético que nos guia ao extra-sensorial? É preciso perceber aqueles dois atores tão talentosos se expressarem quase que o tempo todo apenas com palavras e olhares, paralisados naquela cadeira de rodas, com limitações físicas, mas não mentais ou expressivas. Essas são as verdadeiras asas. Isso me fez pensar em compaixão, em cumplicidade, em AMOR. Coisas tão importantes que se perdem no dia a dia e empobrecem as relações humanas. São tantas formas de se comunicar e nos esquecemos de olhar no olho, da importância de um sorriso, de um bom dia, de parar completamente o que se está fazendo em um dia turbulento e ver o sol se por no caos da cidade. Tentar praticar o simples da vida, viver com o básico, sem luxúrias e excessos. A isso nos remete a peça e a proposta do Ator em Repouso, que recusa o burburinho corporal e refina a expressividade, nos fazendo sair refletindo a luz da mente clara. A GENTE PRECISA DE RITUAIS E NÃO DE ROTINA. Esta e outras falas da peça, não saíram da minha mente nos últimos dias. A prisão mental nos faz esquecer as decisões do coração. A luz só existe por causa da escuridão.

Paula Scarpato, do marketing estratégico da showlivre.com, espectadora essencial.

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