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domingo, 17 de outubro de 2010

Sobre Casamento

Penso que para podermos encontrar outrem, meus companheiros de solidão, um outro inteiro, pleno, integro, é preciso que já tenhamos realizado em nós mesmos a unidade entre a alma e o espírito, entre a mente e a intuição, entre a psique e o nous. Não se trata de procurar a outra metade, mas o inteiro que nos harmonize. Há muitos encontros de metades, e tais resultam em novas partidas, como se procriassem a fragmentação, a separação. Não é o que temos visto? Poucos são os encontros, muitos parecem ser os esbarrões. A integridade não é moral, é harmônica. O encontro é entre a Sofia e o Logos, entre Yeshoua de Nazaré e Miriam de Magdala, o casamento simbólico que existe em cada um de nós: a união entre a Luz e a Vida. Jesus nos lembra no evangelho que somos capazes de amar o outro não somente a partir da nossa sede, mas, principalmente, a partir da nossa fonte. Portanto, o verdadeiro nubente, o companheiro perfeito, não pede ao outro que tape seus buracos, não exige que ele preencha uma falta, mas que desfrute de uma completude. Assim se pode amar alguém sem que se roube uma parte de sua integridade. Talvez, o mais preciso voto de casamento, ou a maior declaração de amor que se possa fazer, consista em dizer a alguém: “Eu não tenho mais necessidade de você, eu posso viver muito bem sem você, eu estou muito bem sozinho (e isto é fundamental que aconteça em cada ser), mas escolhi viver com você.” Assim, não estamos falando em carência, mas em desejo. Nesse tipo de aliança existe algo de sagrado.

O masculino não é um atributo de um macho, o feminino não é o atributo de uma fêmea. Ambos os atributos completam um ser. A relação não é entre homem e mulher ou entre seres do mesmo sexo. Não é uma relação baseada em jogos mais ou menos sados-masoquistas de sedução e dominação que costumeiramente se apresentam como sintomas dos casais modernos. Estamos falando de uma relação entre duas singularidades, ou seja, entre dois seres casados em si mesmos.

Para isso escrevo minhas peças de casais, para achar minha integridade, meu casamento interior.

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