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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Crítica da Folha de São Paulo

Foto de Lenise Pinheiro.










Leo Lama alça voo alto com texto a respeito de anjos caídos

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

O mais recente espetáculo escrito e dirigido por Leo Lama, "O Primeiro Dia Depois de Tudo", vai além do objetivo de investigação em nova dramaturgia a que se dispõe. Parte de um projeto de pesquisa batizado de "O Ator em Repouso", em que o congelamento dos movimentos no palco catalisa o texto, a montagem alça voo alto através de jorro verbal e mantém-se planando livre no ar. A presença de dois atores em cadeiras de rodas, interpretados com brilhante retenção por Priscilla Carvalho e Leonardo Ventura, cria um clima com pouca visualidade e intensa sonoridade. Toda a encenação acentua uma condição de paralisia que potencializa a escuta do texto. O casal narra trechos que apontam para uma trama envolvendo uma possível traição, um aborto iminente e eventuais vazões para um bar do teatro e uma livraria. "Não é o pensamento a nossa prisão?", eles se perguntam. A resposta vem em linguagem libertadora, que acontece no cruzamento entre o sublime e o profano. Imerso em clima de ritual ou de rotina, o casal detém-se em assuntos como o pagamento de condomínio ou o futuro dessa terra "de minhocas e das mesquinharias". Em contraponto à abstração do discurso, a peça flutua em constante tentativa de materialização dos personagens. Sutis referências canônicas e temas cristãos são tratados com ambiguidade. Afinal de contas, assistimos a anjos que acabaram de cair ou a figuras no limiar do final dos tempos? Uma micronarrativa através de mudras indianos em final inesperado nos revela o poder de observar algo físico no palco. Reiteram que, apesar da beleza dos gestos, é possível haver o mesmo impacto em dramaturgia.

O PRIMEIRO DIA DEPOIS DE TUDO

QUANDO qui. e sex. às 21h30; até 26/11

ONDE teatro Imprensa (r. Jaceguai, 400, Centro, tel. 0/xx/11/3241-4203)

QUANTO R$ 20

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

AVALIAÇÃO bom

2 comentários:

Renata Falcone disse...

NO MEU CURSO DE TEATRO, TEMOS TENTADO TRABALHAR A LIBERTAÇÃO DO RACIONALISMO BANALIZANTE. A PEÇA ME PERMITIU ESPERIMENTAR ISSO. DEPOIS DE ALGUM TEMPO TENTANDO RACIONALIZAR O QUE ESTAVA ACONTECENDO, RELAXEI E ME DEIXEI LEVAR. FOI GRANDIOSO!

Renata Falcone disse...

Estudando teatro, estamos trabalhando a tentativa de se libertar da racionalização excessiva e banalizante. A peça me permitiu experimentar isso. Depois de algum tempo tentando racionalizar o que estava acontecendo, relaxei e me deixei levar... e fui totalmente tomada. Foi incrível!