Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Plínio e Leo batendo bola

Em 1977, meu pai, o dramaturgo Plínio Marcos, escreveu um texto para a Folha de São Paulo de um suposto diálogo que teve comigo. O único equívoco dele é que eu era centroavante. Naquela semana é que eu joguei de zagueiro na escolinha de futebol da Aclimação, mas eu era atacante, sempre fui.

“Meu filho Leonardo, de 12 anos, um bom zagueiro de área, chega pra mim e declara:

– Pai, vou ser um escritor de contestação.

– Vai ser o primeiro beque do mundo a escrever alguma coisa.

– Vou.

– E sobre o que você vai escrever?

– Sobre nossa família.

– Bom assunto. Você conhece bem todos nós e pode nos retratar com muita verdade.

– É.

– Só que tem um porém.

– Sempre tem um porém.

– É isso aí. E o porém desse caso é que, se eu não gostar da tua história, tu leva um cascudo.

– E se você gostar, o que eu ganho?

– Um cascudo.

– Mas qual é?

– Sabe, garotão, escritor de contestação, quando agrada, é um lixo que só merece cascudo. Mas quando acerta, incomoda muita gente e recebe montes de cascudos.

– É duro então?

– Se fosse mole, tinha um monte de gente na parada. Mas muito mais duro é meter o galho dentro e não escrever absolutamente sobre o que se acredita. A censura é um constante cascudo em quem critica a sociedade, em quem contesta a hipocrisia da sociedade, enfim, um cascudo em quem não se acomoda...” (Um pequeno diálogo com meu filho Nado – Ilustrada, Folha de S. Paulo, 16/7/1977)

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