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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Espectadores Essenciais

Belíssimo espetáculo. A imagem dos dois, os olhares que focam e se desviam, algumas frases ainda ecoam na cabeça. Fiquei impressionada!Forte, contundente e muitas vezes angustiante, principalmente porque o espaço que nos faz sentir tão próximo ao ator, nos coloca também dentro da história. E me fez pensar: em algum momento eu já vivi ou disse ou pensei exatamente isso. Como imagem me fez lembrar um filme que adoro "Asas do Desejo" de Win Wenders. Parabéns Leo, e ao elenco também, que, aliás, segura divinamente os personagens. Estou indicando a todos os amigos.

Dione Leal, atriz, espectadora essencial.

Em tempos de frenesi, uma hora de não-ação é convidativa. Dois atores que se movem apenas o necessário, emoldurados por grandes asas. O público, imerso no escuro e nos sons, quase não se movimenta também. Mas que ninguém se engane, o turbilhão é dentro. As palavras vão jorrando, a teia vai se entretecendo exatamente como aquelas que envolvem os simples mortais no mundo lá fora. Quando vai ver, já foi. Os “anjos” da platéia e do palco se espelham. Ou não é verdade que, assim como eles, nos vemos presos, falando demais, omitindo, amando, mentindo, re-agindo, buscando caminhos que não existem? Buscando verdades que ainda não conseguimos abarcar. Como folhas ao vento, mudamos de direção e tememos no outro aquilo que pode nos machucar. Os melindres e as frivolidades às vezes recebem maior atenção do que as poderosas asas que se mantêm inertes. Se o primeiro dia depois de tudo é aquele que nos faz pensar, a peça do Leo Lama é um achado. Os quatro olhos hipnóticos dos atores catalisam todos os movimentos contidos e os entregam de volta para nós. Que cada ser alado carregue suas próprias penas e escolha cuidadosamente seu próximo gesto.

Adriana Calabró, escritora, redatora, espectadora essencial.

O Primeiro Dia Depois de Tudo traz de volta a busca do interior, a resposta de si mesmo, a força para encontrar a saída. A peça acende a vontade de amar a vida dos seres humanos, a consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembrar os erros que foram cometidos para que não mais se repitam. Faz-nos perceber a capacidade que temos de escolher novos rumos. Traz de volta o indispensável, o respeito, e quando tudo mais faltasse, um segredo, o de poder voar.

Solange Nogueira, tradutora, ambientalista, espectadora essencial.

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