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domingo, 22 de agosto de 2010

Palavras de um espectador essencial

O primeiro dia depois de tudo!
Por, Leandro Zuchetto (espectador)

Um tudo que poderia ser qualquer coisa, como uma decisão, um pensamento, uma mudança, uma promoção, uma demissão, uma morte, uma vida nova.

Um tudo que representa a degradação do ser como humano; a destruição do amor nas palavras daqueles que transformam o mais sublime dos sentimentos em dor, em culpa, em mágoa, em vício; a banalização de tudo aquilo que realmente importa em detrimento pelo fútil, pelo fácil, pelo fugaz.

O tudo plantado por uma mídia e publicidade que corrompem e matam aos poucos a esperança de todo aquele que não se enquadra em padrões criados e propagados por mentes sórdidas capazes de transformar o tudo em nada.

Nada! Absolutamente nada.

O primeiro dia depois de nada!

Do nada, do vazio que habita o peito dos frustrados, dos fracassados, daqueles que tanto batalham, que remam e remam sem parar, para no final morrer na praia. O vazio que sonda a mente daqueles que nunca se contentam e querem sempre mais e mais e mais, daqueles para quem o tudo nunca é suficiente, para quem o tudo é sempre nada, ilusão, mero engano.

E "para enganar o mundo é preciso ter a cara do mundo".

Enganar que mundo se o mundo não mais existe? Enganar qual mundo? O seu próprio mundo? O mundo criado pelos devaneios de uma mente sofrida e maculada pela podridão de pílulas coloridas, vermelhas e azuis? O mundo dos sonhos, das fantasias, dos contos de fadas? O mundo dos vampíros "porque aqui é sempre crepúsculo, não é mesmo Robert?"

O mundo, ou ao menos aquilo que um dia nos foi apresentado como mundo, se torna gradativamente um grande estoque de bonecos e bonecas fabricados em massa. Uma multidão de Beatrizes e Robertos em busca de fama, nas versões atriz, modelo, compositor, marido, mulher, traído, traidor e assassino.

E nós, que nos recusamos a fazer parte dessa legião de fantoches, nos transformamos em verdadeiros guerreiros, cegos e paralíticos, impotentes diante de uma guerra contra o tempo. Contra a falta de tempo, a ausência de tempo, a inexistência do tempo.

Porque o tempo não existe mais e sem tempo seguimos nosso caminho, usando máscaras com a cara do mundo para esconder o nosso sofrimento, a nossa dor, o nosso eterno desespero por não saber ao certo se somos humanos, anjos, demônios... Ou simplesmente suicidas caídos às portas da Livraria do Duncan ou no meio da festa do Bar do Teatro.

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