Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Ator é uma boneca sem braço

Foto minha, tirada no hospital de coisas lúdicas, ao lado de onde ensaiamos.










Os grandes atores já estão quebrados antes de nascer. Suas vidas são generosamente marcadas por seu vasto repertório de entrega, de riscos, de perigos emocionais e físicos. Há uma técnica, aquilo que os faz funcionar: pilha. Um ator que trabalha a partir de si mesmo está sempre esgotado, de um cansaço metafísico, largo, cheio, porque ser ator é apagar-se sem sumir, é existir para ser outro. Seu corpo é lúdico, ele está em um jogo que mostra e esconde. Ser ator é dar forma à saudade, como um braço amputado que ainda coça. Ele não deve se envolver com as emoções do personagem, mas deve envolver alguém que não existe em um casulo de energia e calor, produzindo vida, e isso é emocionante. Um ator vive por alguém. Ele é um útero que está sempre pleno. Um ator deve estar o tempo todo se preparando. Belo é ver um ator indo para a enfermaria com a alma lavada: lá, entre os cavalinhos de pau, os trenzinhos elétricos, as caixinhas de música, os autoramas, lá entre os brinquedos desmontados, o ator é o mais encantado.

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