Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Os empresários e os artistas: foco

A atriz procurando o foco fundamental. Leo Lama, o fotógrafo, também.

A era do capitalismo selvagem esta fora de moda. Vem surgindo uma nova geração de empresários e empreendedores que nos enche de esperança, preocupados com a qualidade de vida, com o melhor uso do tempo, pensando em trabalhar menos e, principalmente, preocupados com a felicidade, esta que Aristóteles dizia ser responsabilidade também do governo. O ser humano que não é generoso para com a felicidade alheia não deveria existir.

Sim, o que eles querem é ganhar dinheiro, é lucrar, é montar negócios que prosperem e gerem conforto e bem estar e que lhes garanta poder e liderança no mercado. Isto não é crime, ainda que possa chegar a ser. As empresas, as firmas, as agências, as produtoras, querem lucrar e querem um funcionário produtivo e focado nos objetivos do patrão. O que querem os artistas?

Hoje em dia há milhares e milhares de livros escritos no sentido de dar exemplos de como você pode fazer sucesso ou de como determinadas atitudes levaram algumas pessoas a conseguirem êxito: o ponto da virada, o quebrar de barreiras, o virar da própria mesa. Como ser um fora de série? Eles perguntam. Há um grande mercado que envolve profissionais que são contratados para melhorar o desempenho dos empregados. “Treinadores” que propõem jogos, exercícios, interações para desinibir e desenvolver a criatividade. Palestras animadas por palhaços, por mágicos, por músicos, em uma desesperada busca por inovação e por algo que faça a diferença. Programas que consigam um “hard-focus”, técnicas como a “pomodoro tequinique” que propõem uma concentração de molho de tomate, em que você pode trabalhar menos horas e se concentrar mais, e, ainda, uma grande preocupação com as redes sociais. Como usar esta nova comunicação que é uma realidade, ainda que virtual, mas que hoje move bilhões e atinge um incontável número de pessoas? Há também uma grande preocupação em afastar-se da rede, que causa muita dispersão, e em criar mais conteúdo, mais profundidade. Os empresários modernos sabem que já não há mais tanto espaço para jogadas fajutas de marketing e que quanto mais cultura (cultivo) a empresa tiver, ou seja, quanto mais a sua marca tiver credibilidade e passar confiança, mais ela pode render. A Toyota, por exemplo, usa técnicas para ser mais produtiva e eficiente. O “Personal Kanban” é uma delas. Um sistema muito simples. Consiste em por limites no número de coisas que você está envolvido em determinado momento. Uma divisão: o que será feito, o que está sendo feito e o que foi feito. Todo mundo precisa de organização pessoal. Precisa de agenda, de planejamento, ainda que muitos saibam viver bem, ou razoavelmente bem, no caos. Mas quando você tem como meta fazer pouca coisa no dia, você faz mais coisas no mês.

Uma avenida tem uma capacidade determinada de carros. Mil carros, por exemplo. Mas se você coloca mais do que 65% da capacidade, os carros começam a andar mais devagar. Se você coloca 100% da capacidade, tudo pára. A avenida lotada faz com que o tráfego não flua. Quanto mais carros houver na avenida, ou quanto mais tarefas você tiver na sua lista, menor vai ser a velocidade em que as coisas vão andar. A quantidade é sinônima da superficialidade.

O Ator em Repouso: no teatro, o que há de mais essencial hoje em dia é a amputação. Subtrair os truques, economizar nos efeitos, na embalagem, no exagero, na artificialidade. Quanto menos se faz, mais tudo aparece. Não fazer nenhum gesto faz com que se tenha nostalgia do gesto fundamental, dos mudras pessoais. Os movimentos são dentro. O braço amputado ainda coça e pode ser visto de tanto que ainda está presente. A energia é que faz a carne vibrar. O que se quer é a vibração dos órgãos. Um teatro que se faz pela saudade e não pelo excesso. O que não está é o que mais se mostra. Esvaziar-se é o começo do trabalho do ator. Esvaziar o íntimo dos espectadores é sua finalidade. É preciso que o silêncio se faça necessário, que não se dê aos barulhos psicológicos.

2 comentários:

Anônimo disse...

eu ví essa garota num comercial-banner de internet, meio cafona, com um vestidinho roxo dizendo: emagreça já!! com fotos do antes e o depois.

Leo Lama disse...

Acho que vc viu sua própria fuça, em seus próprios sonhos delirantes, já que "essa garota" nunca fez tal comercial. Continue aparecendo, quem sabe sua ignorância possa ser transcendida e possamos ter comentários mais relevantes de sua pessoa anônima, ainda que, como vc mesma bem sabe, o anonimato seja o mais devido à sua mediocridade.