Leiam texto sobre Plínio Marcos aqui.

domingo, 11 de julho de 2010

Há rumores de que há Humor

Pedro Alcântara, nosso homem na Gambiarra, jogando nossas penas fora.






Nossa peça é uma sátira ao teatro do século passado, em que os atores se vestiam de preto, envoltos pelo fog das máquinas de fumaças, sentavam em cadeiras de rodas e tinham asas saindo de suas costas, em uma pegada assim meio Berlim, meio Beckett, meio vem Kafka comigo, meio Artaudoado, meio Peter Brook Shields, meio Suzuki (a moto, não o diretor de teatro), meio Antunes gritando com os atores, meio Trair e Coçar é só Começar em estilo pobre, dos estilistas russos Grotowiski e Bukowiski. 

Nossa autopeça (revendedora autorizada) é também uma sátira às histórias em quadrinhos e seus personagens wolverinianos, freaks que cativam muito mais por espantosos delírios fantásticos do que por qualquer conotação simbólica. A realidade é dura, seca, mórbida, sufocante. Poucos sabem como a transcender. A opção acaba sendo fugir dela. O que vamos mostrar é como abrir fendas no realismo e acionar a imaginação ativa. Quem não vai querer saber o que é isto? Eu mesmo não quereria, mas eu tenho certeza que há almas boas além de Setsuan.

O meu bisavô, Don Carlos Palma era um homem que voava. Imigrante espanhol instalou-se em Ribeirão Preto e lá foi visto muitas vezes sobrevoando a cidade, ou despencando de uma pedra em um morro na região, há controvérsias. Há algum tempo minha mãe, a atriz Walderez de Barros, depois de muitos anos, me contou a saga de meus antepassados. Isto fez com que eu tivesse coragem de, finalmente, escrever sobre meus próprios vôos. Minha peça é auto-biográfica e fala dos meus próprios dons de homem voador que cai no chão, uma tradição em minha família.

As coisas eram realmente pretas e tudo era muito levado a sério naquele antigo teatro. Existia uma pose, uma soberba, uma teatralidade esnobe. Agora, em contrapartida, temos cada vez mais as coisas sendo feitas de qualquer jeito, sem apuro, sem ensaio, sem trabalho. Entre a genialidade auto-proclamada e a superficialidade preguiçosa é que nos enfiamos. Achamos engraçado, mas o que realmente buscamos é a Graça. Estamos trabalhando com uma leveza profunda, ainda que nossos atores, ambos grandes médiuns cavalos, estejam recebendo Gerald Thomas, nosso guru.

Nossa peça é uma tragédia poética, por isso resulta em comédia.

Dica: Como diriam o Ray, o Rey, o Ricky Martin, o Roy, o Ruy, aqueles que em outra galáxia muito distante foram conhecidos como Os Menudos, “não se reprima!”.  E como diria o Príncipe Pequeno: todo aquele que você cativa é seu escravo. Afinal, você quer ter uma grande distribuidora de laticínios na região sul do país, ou quer ser um ratinho comendo migalhas de queijo do sanduíche de humanos maiores que você? Faça como a gente, pare de fazer teatro. De repente, tudo é uma coisa gósmica.

Um comentário:

Rogério disse...

Wolverine? Tô dentro.